Minha Comédia Romântica Escolar é um Fracasso


É isso mesmo, eu, Danshi, criei essa história. Diferente de todas as outras histórias que produzi no passado (apaguei tudo! Jovem Danshi fez muita merda), é uma história muito boa, apesar de aparentar ser cheia de clichês, surpreende.


Sinopse: “Aquilo” é o segredo que Midori Shidou esconde. “Aquilo”? Um algo que pode acabar com a reputação de qualquer um. Prity Sazaki, nosso protagonista, sabe muito bem o que é o tal segredo. O que ele poderia fazer com esse segredo? Não sei, talvez uma comédia romântica escolar? É, mal sabe ele que…


Capítulo 1: A coincidência armada

Capítulo 1: A coincidência armada

É, minha vida era normal, mas agora é uma comédia romântica escolar… Ou quase isso.

Neste momento eu estou correndo no meio da chuva para encontrar uma pessoa. Tenho esperanças que ela ainda esteja lá.

Voltando um pouco no tempo. Tudo começou depois de um encontro inesperado com uma garota, bem, na verdade eu esbarrei nela. Ela simplesmente é a garota mais popular da minha escola. Mas o que todos não suspeitam, ela possui um segredo… E adivinha, eu sei o segredo dela.

Descobri seu segredo justamente na hora do esbarro. Por coincidência, somente eu e ela estávamos no corredor no mesmo horário, um pouco depois do recreio. O esbarro não fez um estrago, mas foi o suficiente para revelar aquilo… Aquilo? Bem, é complicado… Como pronunciar “aquilo” sem ofender ou parecer um pervertido?

Eu ainda estou chocado. Ela é uma verdadeira pervertida, e eu sei disso. Graças a isso, estou ligado aquela garota. E não, eu não vi a calcinha dela e nem cai nos peitos dela.

“Aquilo”, um algo que pode estragar a reputação de qualquer um. Aquilo? Você verá mais tarde, com direito a pior experiência possível!

Primeiro vou me apresentar. Me chamo Prity Sazaki, tenho 16 anos, estou no 1º ano do ensino médio, sou mestiço, tenho cabelo loiro e olhos azuis, possuo estatura pequena, mas não tão pequeno assim.

Meu pai é Russo e minha mãe é japonesa, em termos de estatura puxei minha mãe, ela é baixinha. Atualmente moro com minha Mãe em Tokyo. Meu pai está na Rússia, mas de vez em quando vem para o Japão. Eles ainda se amam, apesar da distância.

Por conta da minha estatura e aparência, muitas pessoas me confundem como uma garota e isso me deixa puto.

Minha vida escolar é normal até certo ponto. Como eu pareço uma garota, vários garotos se confessaram para mim e isso enfurecia as outras garotas.

Nesse meio tempo eu até fui agredido por garotas que estavam com inveja, mas isso já é outra história.

Foi assim durante 3 meses, até todos descobrirem que eu sou um garoto.

Depois disso, minha vida de estudante estava mais tranquila, eu gosto de tranquilidade.

Mas durante todo esse tempo, uma coisa me intrigava, a aluna, linda e brilhante, Midori Shidou.

A garota mais linda de toda escola, a mais inteligente, e também a que parecia intocável.

Sim, ela é tudo isso.

Mas apensar da sua popularidade, ela não é sociável, parece que ela vive no seu próprio mundinho, onde ela ignora todos a sua volta. Parece que ela é um robô programado a ser o aluno perfeito.

O que me intrigava não era sua perfeição, se bem que isso me intriga também, mas enfim. Ela de vez em quando trocava olhares comigo, e rapidamente tentava disfarçar, nesses momentos ela fazia expressões que nunca tinha visto antes, como se estivesse com vergonha. É difícil entender aquela garota.

Essa mesma garota mudou completamente minha vida pacata.

Sim, foi essa mesma garota que esbarrou em mim por coincidência. Bem, na verdade, não estávamos no corredor por coincidência… Eu queria começar a história sem parecer um vilão, sabe.

Eu armei tudo, tudo calculado, ou quase. Isso porque era a única forma de ficarmos a sós, assim eu perguntaria sua real intenção, eu estava curioso.

O plano foi bem simples, nem pensei muito. Eu sabia de uma coisa, ela me seguia, ela me vigiava, por onde quer que eu vá. Mas ao contrário do que ela pensa, eu sei que ela me segue.

Pedi para professora deixar eu ir ao banheiro. Já no corredor eu aguardei ao final dele, bem num vão entre as máquinas de refri.

Assim que ouvi passos sai do vão estreito para surpreender a stalker chamada Midori. Eu estava tão nervoso e apavorado que sai bruscamente e esbarrei em uma pessoa, que corria grandes chances de não ser ela. Mas para minha sorte, ou azar, era ela.

Fez até um estrondo de algo quebrando, mas não aconteceu nada de grave.

Na mesma hora me toquei do acontecido, logo minha mente ficou em branco, somente por encarar “aquilo”.

Ah, chega de mistério. Aquilo eram revistas com desenhos de garotinhas, umas vestindo uniforme de colegial, outras vestindo maiô, e outras sem nada mesmo…

E não para por aí, junto tinha um minigame portátil, na tela mostrava outra garotinha, que repetia “irmãozinho” incessantemente. Me senti em um limbo, como se tudo a minha volta fosse um mundo de perversão.

Está chocado? Eu também fiquei, mas fiquei mais chocado ainda pois essas revistas eram da Midori Shidou, a garota perfeita.

Ela começou a catar tudo aquilo com muita rapidez. Aquela expressão de vergonha da Midori que já tinha visto deu lugar a uma expressão ameaçadora.

Na mesma hora, em vez de falar naquele tom suave de sempre ela disse num tom frio e penetrante:

— Ora, ora. Parece que você sabe do meu segredo.

No mesmo momento ela me puxou pelo braço até o armazém onde ficam produtos de limpeza. E novamente com tom frio:

— O que vamos fazer com você? Vejamos…

Ela parou de falar, ficou apenas me observando meticulosamente em cada canto do meu corpo, isso me deixava apavorado. Na minha mente ocorria várias coisas estranhas que ela poderia fazer comigo, afinal, aquilo que vi anteriormente já era o bastante para eu temer ela.

Quando finalmente ela mostrou sinais que falaria algo, ela respirou bem fundo e começou a falar de um jeito muito feliz:

— Por favor, seja meu namorado!!!

Eu fiquei sem palavras. E já sabia o motivo dela ter dito isso, eu pareço uma garota, eu sou baixinho como uma garotinha de 12 anos, por isso o interesse dela, eu associei aqueles desenhos de garotinhas. Obviamente, eu respondi da forma mais sensata e preventiva:

— Não, não mesmo. Não sei o que você quer comigo. Você vai fazer aquelas coisas comigo, da mesma forma dessas revistas pervertidas que anda carregando?

— É claro que sim. Tudo isso e um pouco mais.

— Mas hein? Você nem se dá o trabalho de esconder suas reais intenções?

— Você diz isso agora, mas eu tenho uma proposta irrecusável.

— …

Eu fiquei em silêncio. Qual seria essa proposta irrecusável? Ela continuou:

— Parece que você ficou interessado, dá pra ver na sua cara. Certo, apenas esconda meu segredo. Vamos ter um encontro nesse final de semana, vou te contar minha proposta.

Eu relutante respondi novamente:

— Nem fudendo, não vou a esse encontro.

— Estarei esperando na praça principal no sábado às 16 horas.

— Você ouviu o que eu disse? Ei!

— Estarei esperando. Bye bye.

— Espera!

Ela deu um sorriso e saiu do armazém.

Voltei a sala de aula como se nada tivesse acontecido, nem olhei para Midori ao sentar na minha mesa.

Durante a semana foi perfeitamente normal, como se nada tivesse acontecido.

E o sábado chega, a primeira coisa que me veio a mente quando acordei foi o encontro com Midori Shidou. Obviamente, a coisa certa a se fazer é não ir a esse encontro.

Meu sábado foi até agradável, eu estava curtinho muito bem ele, mas no momento que percebi que as horas iam passando lembrava do encontro, isso me atormentava por uns 5 minutos e depois passava, foi assim o dia inteiro. Eu dizia pra mim mesmo, “não se preocupe”.

O horário proposto já tinha passado, era 19 horas da noite e começou a chover.

Por algum motivo fiquei me perguntando, “será que ela ainda está lá?”, “não pode ser… Ou pode?”.

Isso me atormentou ainda mais do que os pensamentos que tive o dia inteiro.

No momento, lembrei o que um homem de verdade deve fazer, nunca deixar uma garota esperando.

E aqui estou eu, correndo na chuva…

É, e aqui começa minha comédia romântica escolar… Lá está ela, Midori Shidou, a garota perfeita, no banquinho da praça me esperando…

Continua…

Capítulo 2: Sonho pós-paranoia

Capítulo 2: Sonho pós-paranoia

Minha comédia romântica escolar começou de um jeito nada convencional, só pra variar.

A mesma garota que era perfeita, Midori Shidou, tornou-se para mim uma pervertida. Bem, até eu ver a cena deplorável dela, sentada no banquinho da praça sem nada para se proteger da chuva, voltou ser a antiga Midori Shidou para mim.

É tudo culpa minha… Não, espera! Quem é o vilão dessa história?

Ah, quer saber, vou me preocupar com isso mais tarde e focar neste exato momento.

Vou de encontro com ela, pego meu guarda-chuva e uso para cobrir ela.

Ela todo esse tempo estava de cabeça baixa. Só espero que ela não esteja chateada… Não, com certeza ela está chateada.

Eu tento dizer algo para quebrar o silêncio:

— Aqui, pegue o guarda-chuva.

— …

Acabei de confirmar, ela está chateada comigo. Não diz nada e ainda está de cabeça baixa sem olhar para mim… Espera, parece que ela vai dizer algo.

— Idiota.

Aí está, furiosa. Falou de um jeito frio, mas baixo. Eu continuo:

— Desculpa, eu não sabia o que fazer, mas senti que tinha que estar aqui.

— Não é isso. Olha só esse guarda-chuva, já era. Não serve nem para proteger você, uma pessoa pequena que ocupa pouco espaço, uma garotinha.

Com essa provocação eu paro de ofegar da longa corrida que tive e olho mais atentamente para o guarda-chuva. Realmente, todo destruído…

Ela se levanta e me puxa pelo braço. Ela olha para trás, sorrindo e dizendo:

— Dessa vez eu estou te carregando como meu namorado. Isso não é demais?

— Hein? Olha… Eu… Mas…

Não consigui dizer nada, aquele sorriso dela é matador…

Entramos debaixo de uma cobertura de uma sorveteria que fica perto. Mas no mesmo momento que entramos ali, milagrosamente para de chover.

Certo, essa é minha deixa!

— Acho que eu devo voltar, já confirmei que você está bem.

— Mas que garotinha tímida. Não seja assim.

— Por favor, pare de me provocar. Eu não sou uma garotinha, quem dirá seu namorado.

— Ok. Tudo isso é novo para você, vou deixar você se acostumar com a ideia.

— Olha, eu já disse…

Eu paro de falar, seus olhos me chama a atenção, vejo-os brilhar. Essa garota é possessiva, com certeza não ouviu nada do que eu disse. Eu continuo:

— Ah, esquece. Vou embora.

Dei as costas para ela e saí sem olhar para trás.

Passaram cerca de 2 minutos de caminhada.

Acho que vou olhar para trás, só para ver se ela está me seguindo.

Olho para trás, nada… Por algum motivo sinto que alguém está me seguindo.

Vou mudar de caminho, acho que vou ao mercadinho aqui perto. Posso despistar qualquer um, seja lá quem for. Estou convicto disso ou será desespero?

Aqui estou eu no mercadinho, e a mesma sensação de alguém me seguindo permanece.

Hum vejamos…

Espera, na seção de limpeza existe uma prateleira com uma abertura, onde passa tranquilamente uma criança…

Nesses momentos não sei se sinto orgulho ou vergonha da minha estatura pequena.

Posso confundir quem quer que seja ao mudar minha rota.

Dando passos longos entrei, saí do outro lado e já pronto para sair do mercadinho. Tudo muito rápido.

Na minha cabeça eu parecia super maneiro e esperto. Mas a cara da senhora que me viu surgir do nada dizia outra coisa, quase teve um infarto a velhinha!

Todo abafado e com vergonha me desculpei para senhora.

Saí com passos longos do mercadinho. Quase esparrei em uma garota bem na entrada, me parece uma pessoa que eu conheço, talvez da minha escola, sei lá.

Ainda super paranoico, me pergunto se descobriram minha estratégia. Será? Não, não pode ser, essa de mudar a rota funciona muito bem em filmes, eu sei o que estou fazendo…

Um tempo depois, meio caminho andado até minha casa.

Parece que a sensação parou. Será que era apenas paranoia minha? Vai saber…

Mas qual era essa de filme? Nossa, como eu sou idiota. Em momentos de desespero fazemos qualquer coisa, inclusive se achar no filme Missão Impossível.

Que merda, hein. Isso tá me deixando louco e paranoico. Tudo que aconteceu comigo nesses dias foram a causa disso, tenho certeza.

Estou em casa. Vejo a entrada molhada, como se alguém estivesse lá.

Ainda anestesiado da vergonha que passei e inconformado de ser um idiota, nem pensei muito sobre aquele lamaceiro na entrada.

Assim que entro vejo minha mãe já terminando o jantar. Toda essa loucura me deixou morrendo de fome. Pergunto o que terá para o jantar:

— Que cheiro bom, o que vai ter para o jantar?

— Hoje vai ser especial. Meu filhinho virou homem!

— Do que você está falando?

— Não se faça de bobo Pri-ty Sa-za-ki kyun~

— Ah, para mãe, você não é nada fofa quando faz isso.

— Seu pai diz o contrário.

— Vou tomar banho.

— Seu chato bu~

Minha mãe estava tão animada que nem notou seu filho todo encharcado. Esse dia tá cada vez mais doido…

Pego minha toalha, roupas limpas e vou ao banheiro.

E novamente, o chão molhado, fazendo um rastro até o banheiro.

— Que estranho, será que tem alguém aqui? Não me diga que…

Vagarosamente eu abro a porta do banheiro.

—…

Nada, a não ser os sinais que alguém banhou nesse banheiro. Achei que seria surpreendido por uma garota tomando banho e me dando um tapa, como aqueles clichês de animes. Eu gosto bastante de animes, mas isso já é outra história.

Certo, ligando esses sinais, não pode ser minha mãe, ela toma banho bem depois das 20 horas…

Ah, que droga, isso está me deixando doido!

Eu devo apenas esquecer isso, meu dia foi cheio e mais isso? Chega, vou tomar meu banho, jantar e dormir.

Isso mesmo, não deixarei meu dia de merda ser mais merda ainda, chega…

 

—…

Click

— Não!

Click Click Click

— AHHHH!

Eu abro os olhos apavorado. Já é de manhã.

— Um sonho?

Eu fico mais de 5 minutos olhando para a parece do teto e imaginado que tudo que eu vi no sonho era real ou não.

Após isso eu convicto que resolvi o mistério:

— Mas é claro, isso era um sonho! HAHAHA! Que divertido, se isso fosse real minha vida estaria arruinada!

Segunda-feira chega.

Me deparo com algo perturbador dentro do meu armário escolar…

Um algo que pode acabar com a reputação de qualquer um bla bla bla… Acho que eu já disse isso. Mas de uma coisa eu tenho certeza, esse algo é pior que as revistas de garotinhas da Midori Shidou, “aquilo”.

Ainda não acreditando no que via, falo calmamente sem virar para trás:

— Eu aceito ser seu namorado.

Midori Shidou está bem atrás de mim, vendo minha reação.

É, minha comédia romântica escolar realmente é um fracasso…

Continua…

Capítulo 3: Mistério confuso

Capítulo 3: Mistério confuso

Lembra da “proposta irrecusável” da Midori Shidou? Então, a proposta é algo perturbador, na verdade é uma chantagem, um crime.

Quando Midori Shidou disse que tinha uma proposta irrecusável, na verdade ela não tinha, ela na verdade faria a proposta irrecusável existir no dia do encontro. Ela planejou tudo, se eu disser que ela sabia que choveria não seria um exagero.

Eu sei do segredo dela e ela sabe do meu segredo. Segredo esse que fui forçado a ter.

Agora estamos quites?

Bem, eu poderia ameaçar ela, dizendo que contaria para todos da escola o segredo, mas se eu fizer, ela conta meu segredo, que é muito mais pior que o segredo dela. E além do mais, ninguém acreditaria em mim, já que, diferente dela, eu não possuo provas…

Provas?

Sim, a coisa perturbadora é uma foto que, com certeza, tem várias cópias.

Já dá pra imaginar o que tem nessa foto, né?

Conclusão, eu estou na mão dela.

Para entender essa confusão, vamos voltar naquele cenário paranoico, onde minha casa tinha vários sinais de perigo e mesmo assim eu inocentemente ignorei.

Tudo ocorreu no dia do encontro, no sábado de noite para madrugada de domingo.

Quando eu terminei o banho, fui até meu quarto me trocar.

Ao entrar nele já percebi algo estranho, parecia que algo estava fora do lugar, mas eu não conseguia notar o que era. Simplesmente ignorei, estava com a mente cheia para me preocupar.

Ao trocar de roupa, senti olhares e rangidos. Parei, olhei em volta, mas nada de sinais estranhos.

No momento, minhas desculpas para algo fora do comum era “meu dia foi cheio, devo estar vendo coisas, só pode ser”… Nossa, mas como eu sou idiota.

Ignorei tudo, desci as escadas e vi mamãe ao telefone falando baixinho. Ela me olhava meio que de relance e logo se virava e começava a rir. Nas risadinhas dizia “meu filhinho cresceu!”. Parece que ela estava falando com o papai.

Ignorei também, como tudo naquele dia.

Sentei a mesa. Jantei com mamãe me olhando fixamente, super sorridente.

Me levantei, quando já estava prestes a subir as escadas, mamãe me parou.

— Espera, Prity kyun~

— Ah, o que foi agora? Estou morrendo de sono.

— Não seja rude com sua mamãezinha bu~

— Desculpa, não dá para levar a sério quando você tenta ser fofa.

— Seu chato. Só fique com isso kyun~

Mamãe colocou alguma coisa no meu bolso. O que eu fiz? Ignorei. Nem me dei o trabalho de ver o que era.

Já no meu quarto pulei na cama. No que eu pulei, ouvi um barulhinho de plástico no meu bolso.

Me sentei na cama, coloquei a mão do bolso e puxei o quê? Uma camisinha…

Eu pulei da cama e sem querer gritei como uma mocinha, no mesmo momento de epifania ouvi um estrondo no meu guarda-roupa.

No momento, estava com sangue quente por estar apavorado. Nem pensei duas vezes, fui checar o guarda-roupa.

Quando estava prestes a abrir, a porta do guarda-roupa foi direto na minha cabeça.

Apaguei, simples assim…

Acordei, mas ainda era de noite, tudo escuro. Me perguntava, o que aconteceu?

Estava me sentido estranho, minha cabeça doía, meu coração estava acelerado.

Coloquei a mão do coração, quando senti algo fofo…

Me toquei mais um pouco e estranhei, senti que estava usando algo muito apertado.

Me toquei mais ainda, conclui que estava usando alguma coisa estranha. Cogitei ser até um sutiã, que eu estava com um vestido, ou cosplay super suspeito…

— Mas que porra é essa?

Click Click Click

Vi clarões, como se eu estivesse sendo abduzido. O que seria daora, eu não passaria por tudo isso, nas mãos dos alienígenas seria menos pior, muito menos.

Eu estava deitado na minha cama, mas eu nem me lembrava de ter levantado para deitar, já que eu apaguei quando a porta do guarda-roupa atingiu minha cabeça.

Eu me debatia para levantar, mas parece que eu estava preso na cintura, como se algo pesado estivesse encima de mim.

Click Click Click

Mais clarões. Dessa vez vi algo mais, parece que alguém estava encima de mim, me segurando. Tudo estava confuso.

Apavorado, fiz um movimento de flexão. Quando fiz, bati a cabeça em algo. Perdi minhas forças, tudo dormente. Ainda consciente, ouvi:

— Ai minha cabeça!

Era a voz de alguém, talvez uma garota… Apaguei.

Quando acordo, tudo estava normal. Aquela coisa estranha no meu corpo tinha sumido. Eu tinha esperanças disso ser um sonho, mas parece que não…

E aqui estou eu novamente, olhando para a foto. Agora vejo claramente o que eu estava usando. Um vestido de lolita, cheio de detalhes. E aquela coisa fofa era um sutiã mesmo, na foto dá pra ver claramente um pequeno volume nos seios.

Sem perder tempo, eu disse:

— Eu aceito ser seu namorado.

— …

Ela ficou muda por um tempo, mas disse algo que eu não esperava:

— Tudo bem, não vou te forçar. Você está com pena de mim, por isso quer aceitar meu pedido de namoro.

Eu fiquei confuso, achei que ela iria me forçar, já que, aquela foto era suficiente para extorquir qualquer um.

Eu desesperado, achando que ela iria se vingar se mim por ter deixado ela esperado na chuva, disse:

— Eu vou ser seu namorado, eu quero. Mas por favor, guarde aquele segredo.

— … O que? Ah, tá… Tudo bem. A partir de hoje vamos ficar de mãos dadas.

Ela fez uma cara de confusa, mas logo ficou feliz. Pegou minha mão e saímos pelo corredor…

Parecia tudo muito regrado, perfeito. Era meio estranho, isso é muito novo para mim. Estava anestesiado e confuso.

Antes de virarmos para outro corredor, ninguém tinha visto eu e ela de mãos dadas, quando de repente, o silêncio naquela multidão… Do nada, cochichos:

Não acredito! – O que ela está fazendo com ele? – Eles estão namorando? – Ele deve estar ameaçando ela, só pode…

Cochichos mais absurdos, olhares de reprovação. Eu pensei, nossa mas que inferno, não bastava eu parecer uma garota, agora isso?

Eu olho para Midori Shidou e vejo seu rosto super feliz, ignorando todos a sua volta.

Entrando na sala, a mesma coisa, o inferno.

Durante a aula, o tempo todo chegava bilhetinhos perguntado o que está acontecendo. O inferno.

Até me chamaram para diretoria, fizeram um monte de perguntas. Acharam que eu estava ameaçando ela. Digo, não falaram diretamente, mas as perguntas eram justamente para confirmar. No final me liberaram.

Foi o inferno até sairmos da escola, o inferno.

Eu estava todo destruído por dentro, super insensível, poderia fazer as piores atrocidades sem me arrepender.

Andando ao lado de Midori, já um pouco longe da escola, parei de repente e disse:

— Pode espalhar meu segredo, vou sair dessa escola.

— Do que você está falando? Não fale assim, esse momento é especial para mim… Não quero te perder.

— Especial para você? Você se sente bem em ameaçar uma pessoa com aquela foto?

— Que foto?

— …

Fiquei confuso, mas ao mesmo tempo fiquei convicto que ela estava se fazendo de boba.

— Não se faça de boba, você tirou essa foto de mim para me ameaçar.

Mostrei a foto a Midori Shidou. Ficou simplesmente muda, com rosto todo corado, ficou hipnotizada com aquela foto.

A reação dela era realmente autêntica, ela realmente não estava mentindo. Se não foi a Midori Shidou, quem foi?

Pow

Fui arremessado, senti uma pancada no meu braço, o suficiente para me derrubar e bater com a cabeça… Eu só me fodo nessa história?

— Seu bastardo, mesmo com minha ameaça, você insistiu em namorar a Mimi? Você vai ter o que merece!

No chão, olhei para Midori, ainda hipnotizada. A foto que ela segurava tinha algo escrito atrás: Não aceite o namoro com Midori Shidou, caso contrário, todos saberão disso.

Quem será essa pessoa? Meu corpo está dormente, não consigo ver… Apaguei.

Essa é uma história de derrota ou uma comédia romântica?

Continua…

Capítulo 4: O drama começa

Capítulo 4: O drama começa

Descobri que Midori é inocente. Descobri da pior forma possível. Mas se eu tivesse visto a mensagem atrás da foto muito antes, tudo isso poderia ser evitado… Como sou idiota.

O culpado é outra pessoa, que, com certeza, foi essa mesma pessoa que entrou na minha casa, falou com minha mãe, tomou banho e ainda ficou escondida no meu quarto.

Neste momento, estou caído no chão, até então inconsciente. Até mesmo antes de pensar em abrir os olhos, ouço a conversa de Midori e uma outra pessoa:

— Eu disse para você não se envolver com esse tipinho.

— Saya, vá cuidar da sua vida. Não sou mais a Midori que você conhece.

— Esse é o ponto, você é outra pessoa. Tudo culpa desse bastardo. Eu tinha você só pra mim, você compartilhava tudo comigo. Quero a Mimi de volta!

— Tarde demais. Mas uma coisa eu devo te agradecer, essa foto que você tirou ficou incrível!

— Essa foto nojenta? Não repita mais isso.

— Só me diga, como você tirou essa foto?

— Não foi tão difícil tirar essa foto, descobri onde esse bastardo mora. Bem, na verdade eu não planejava tirar essa foto, eu apenas pretendia conversar com ele. Quando cheguei sua mãe disse que ele tinha saído para encontrar alguém. Fui forçada a entrar e esperar por ele.

— Nossa, eu queria ser você! Conhecer a mãe dele seria incrível.

— Você não desejaria isso depois de conhecer a mãe dele. Ela é maluca, fez eu tomar banho pois disse que eu pegaria um resfriado. Depois do banho me forçou a esperar dentro do quarto dele.

— Que inveja. Mas quando foi que teve a ideia de tirar a foto? E da onde surgiu esse vestido?

— Como eu disse, a mãe dele é maluca. Quando ela me forçou a entrar no quarto, me deu uma sacola. Ela disse que a arma secreta que ela usou para conquistar o pai dele estava dentro da sacola. Não dei muita bola, eu só queria conversar com ele.

— Nossa, tá ficando bom! Qual arma secreta?

— Era aquele vestido bizarro de lolita. Obviamente, ela esperava que eu usasse.

— Ah, tá explicado. Ela realmente achou que você era namorada dele. Mas porque vestiu ele com o vestido?

— Espera, vamos por parte. Me escondi dentro do guarda-roupa para surpreendê-lo. Eu olhava pela fresta da pequena porta, quando notei que ele estava segurando uma camisinha.

— Camisinha? Ele sabia que você estava lá? Ele te pegou de jeito?!

— Fica quieta e claro que não! Mas no momento achei que ele faria algo com meu corpo, então entrei em pânico. Abri a porta com força, quando notei ele estava desmaiado no chão.

— Acho que você acertou ele em cheio com a porta. Coitadinho.

Sinto minha cabeça sendo acariciada levemente. Era Midori ao sentir pena de mim, depois de ouvir essa linda história bizarra… É, até agora estou entendendo toda essa loucura. Tudo faz sentido agora. Mamãe tem um pouco de culpa nisso, eu mal sabia desse vestido bizarro dela. Só concluo que meu pai é doente, caiu nos encantos da mamãe. Elas continuam:

— Para de acariciar esse bastardo, está me dando nojo.

— Mas continue, tá muito bom!

— Você é uma pervertida mesmo. Bem, quado vi caído fiquei mais apavorada. E como eu conversaria com ele? Eu não poderia conversar com ele em outro momento, eu nunca mais entraria naquela casa. Na mesma hora surgiu a ideia de travestir ele, tirar a foto e ameaçar ele a recusar seu pedido.

— Nossa, então você sabia da minha proposta a ele.

— Eu sempre estou te vigiando, lembre-se disso.

— Que medinho! Ui!

— Cala a boca!

— Mas veja só, ele não é lindo? Ele parece um príncipe.

— Você quer dizer princesa? Que nojo…

— Vendo mais de perto, está me deixando doida. Seu lindo e delicado lábio está me chamando.

— Ei, não me diga que…

Meu deus, ela vai me beijar. Eu nunca beijei uma garota. Estou apavorado. Eu…

Senti a respiração dela bem de perto. Meu coração acelerou, estou em pânico… É, e mais uma vez meu faniquito vai estragar tudo, mais uma vez!!!

— Ai!

Tarde demais, bati com a testa no nariz da Midori… Como sou imbecil…

Ao acordar, olho diretamente para a tal garota misteriosa. Vejo uma garota baixinha. Parece que Midori a chamou de Saya, esse deve ser o nome dela.

Ela inconformada, logo me desmascara:

— Bastardo de uma figa! Ouviu tudo que nós estávamos conversando, você não tem dignidade? Ah, o que eu posso esperar de você? Nada. Você me dá nojo!

Eu não falo uma palavra, pois estava olhando para ela, admirando seu showzinho. E realmente era um show à parte, ela me lembra muito uma personagem tsundere de anime, qual era mesmo? Acho que é Taira ou Taiga, sei lá… Espera! Não é hora pra isso!

Certo, dada a situação eu posso me fazer de bobo, ou mudar de assunto e dizer que ela me agrediu. E realmente, ela me agrediu, não sei como foi isso, mas ela fez.

Já sei, João sem braço. Vou dar uma de coitado. Lá vai:

— Não estou sentindo meu braço.

— …

Meu Deus, que silêncio é esse?!

— Bem, acho que vou para casa, não se preocupem comigo.

— Um momentinho aí.

Saya está desconfiada. Essa garota não deixa passar uma.

Ela chega mais perto e toca no meu braço.

Eu faço uma expressão de dor, mas é tudo fingimento. E advinha, ela não se convence.

— Acha que sou idiota? Seu braço está intácto. O mais provável é um traumatismo craniano, já que você bateu a cabeça. Bem, uma batidinha não faria diferença, você já nasceu com autismo.

— …

Tem como responder isso? Se eu responder só vai piorar, e se continuar quieto seria ruim da mesma forma…

— Bem, esquece. Desperdiçar meu tempo com você é inútil. Sei que você ouviu nossa conversa. Mas até que ponto você ouviu?

— Saya, é melhor não.

Midori interrompeu Saya.

Elas estão sérias. O que eu ouvi foi apenas algumas coisas bizarras, mas nada além disso. O que será que elas conversaram quando eu estava realmente inconsciente? Eu tento responder:

— Foi no momento que Midori disse que aquela foto é incrível.

— Menos mal. Não quero me envolver com problemas da sua família.

— Espera. Minha família? Você quer dizer minha mãe?

— Como eu disse, não quero me envolver com sua família. Mas sua mãe realmente achou que eu era sua namorada, aí ela falou um monte de coisas para mim, coisas bem sérias que eu não posso me envolver.

Fiquei apavorado. Eu sempre notei que mamãe escondia algo de mim. Associei a um monte de coisas, coisas que notei durante alguns anos.

Todos estão em silêncio, dá pra ver minha expressão de surpresa. Elas notam que eu sei mais ou menos o que está rolando.

— Para de fazer essa cara, vá ver sua mãe.

Estou com medo…

Continua…

Capítulo 5: Uma pequena aposta

Capítulo 5: Uma pequena aposta

Estou a caminho de casa. Não consigo pensar em nada, a não ser teorias sobre mamãe.

Mamãe está escondendo algo de mim, notei isso faz alguns anos.

Temo que seja algo muito ruim.

A animação da mamãe ao ver uma garota em casa deve explicar mais ou menos o que está acontecendo. Ela está desesperada para que eu arrume uma parceira, só pode ser isso.

Uma coisa que eu não queria pensar, a saúde dela. Acho que ela tem medo de me deixar sozinho.

Ela sabe muito bem que não pode contar totalmente com papai, já que ele está muito longe e é apenas um funcionário público.

Até um tempo atrás eu achava que papai era militar.

Sempre que papai vinha nos visitar ele aparecia fardado. Eu achava aquilo simplesmente incrível, papai passava um ar de imponência, eu queria ser igual a ele.

Mera decepção. Descobri que era tudo fachada, papai só queria impressionar seu único filho.

Parece que mamãe ainda acha que ele é militar, ou será que não? Bem, pra mim não faz diferença.

Chego em casa. Parece que a casa está vazia.

Olho entre os cômodos, quando encontro mamãe chorando.

— O que aconteceu.

— Buáááá!

— Você é uma criança? Ah, não é hora pra isso. O que foi?

— Eu… Eu…

— Espera.

Me levanto e pego um copo d’água.

— Aqui, você vai ficar melhor.

— …

— Como se sente?

— Prity kyun. Quando foi que você ficou tão adulto? Você está tão maneiro, parece seu papai…

— Mamãe!

Ela desmaia.

O que está acontecendo? Certo, mantenha a calma, você tem uma grande responsabilidade agora.

Muito bem, acalme-se.

Vejo sua temperatura, está ardendo em febre… Pego o travesseiro e apoio sua cabeça levemente… Uso panos umedecidos sob a testa… Ligo para o hospital…

Já no hospital, mamãe acorda. Vejo sua expressão abatida.

— …

— Sei muito bem que sua saúde é fraca.

— …

— E mesmo assim faz um regime para emagrecer?

— Eh? Como você descobriu?

— Você anda comendo muito pouco e fica horas naquele programa bizarro de emagrecimento. Você está linda assim, não precisa de regime.

— …

— Que cara é essa? Porque está rindo?

— Prity kyun. Eu sou sua mamãe, não me chame de linda, não podemos ter um relacionamento proibido. Seriamos apedrejados até chegarmos no trem que nos levará a felicidade… Adeus sociedade…

— Para de brincar e não mude de assunto. É sério!

— Está vermelhinho kyun~

— Tá, esquece. Eu quero saber de uma coisa. O que você está escondendo de mim?

— Bem, eu sabia que esse momento chegaria, estou preparada.

— Então?

— Eu estou apaixonada por você.

— …

— …

Mamãe deu uma risada no cantinho da boca.

— Para com isso! É sério!

— Seu chato bu~

Do nada mamãe fica séria. Parece que chegou a hora. Estou com medo.

— Seu pai não é militar.

— Já sabia. E o que mais?

— Eh?

— Eh o quê?

— …

— …

De volta para casa. Mamãe parece muito melhor agora. Só teve que tomar um soro, nada de mais.

— Então era isso que você escondia de mim? Achei que era algo sério, como sua saúde. Bem, você não tem uma imunidade muito boa, então cuide-se.

— Sim, era isso. Quando foi que descobriu?

— Descobri quando tinha 11 anos.

— Eh?

— Porque está tão surpresa? Não é nada demais.

— Bem, não queria que você perdesse a admiração por seu pai.

— Nunca perdi. Sei muito bem do esforço dele. Eu ainda admiro ele.

— …

— O que foi? Porque está com vergonha?

— Eu sou comprometida, tá. Não jogue seu charme em mim.

— Ainda com isso? Para!

Com a cabeça mais fria, ainda suspeitava de algum outro segredo que mamãe escondia. Lembro que ela teve uma conversa com Saya, disse várias coisas para ela.

Logo, tento tirar isso a limpo.

— Mamãe, está escondendo mais algo de mim?

— Deixa eu ver… Acho que não.

— Acha que não? Que resposta é essa?

— Bem, eu escondo várias coisas de você, mas não sei se você ainda descobriu. Tipo sobre seu pai, eu escondia um segredo, que na verdade não era segredo.

— Você está querendo me confundir? Tá muito suspeito isso.

— Certo, me conte coisas que você sabe sobre mim.

— Bem, você é apaixonada por mim, tem imunidade baixa e está desesperada para que eu arrume uma parceira. Não sei mais nada.

— Então você acredita que eu sou apaixonada por você? Que fofo!

— Lá vem de novo… Só me conta porque forçou Saya a ter um relacionamento comigo?

— Ah, então era isso. Bem, eu realmente tenho medo de partir antes da hora, já que tenho imunidade baixa. Mas eu menti para ela que tinha uma doença rara, que morreria logo. Assim eu teria comoção da parte dela, com isso ela namoraria com você.

— Quê? Você falou isso? Por isso Saya estava preocupada. Mas esquece isso, você não vai morrer tão cedo, sei disso…

— Ainda bem que não está bravo. Mamãe se sente até melhor. Eu até esqueci da aposta que fiz com seu pai… Ops.

— Aposta?

— Oh, não. Terei que revelar isso, mamãe está sendo forçada a revelar. Por favor, poupe-me.

Mamãe está fazendo maior teatro, se fazendo de coitada.

— Que reação é essa? Não estou forçando ninguém. Conte se quiser, não quero me envolver.

— Bem, você já está envolvido…

— Eh?

— Ah, você vai ficar bravo comigo.

— Conta logo!

— Se você não arrumar uma namorada até seu pai chegar, ele te levará para Rússia.

— …

Continua…

Capítulo 6: A garota perfeita

Capítulo 6: A garota perfeita

Sou Midori Shidou, a tal “garota perfeita”, como todos dizem.

As pessoas têm medo mim, acham que eu sou intocável. Por conta disso, acabo ficando sozinha, frustrada, triste.

A única pessoa que eu realmente tenho contato é Saya Tatsumi, a filha da empregada, que considero minha única amiga, que sempre ficou ao meu lado. Ela é super protetora, apesar de ser baixinha e parecer fraca.

Graças a essa solidão, sempre tentei achar algo para suprir isso, mas acabei por não encontrar nada.

Quando eu menos esperava, quando eu já estava desistindo, encontrei alguém.

Tudo começou a dois meses.

Uma garota falou comigo normalmente. Me pegou de surpresa.

Num cenário nada provável, ela apareceu do nada. Foi na biblioteca, no horário que está sempre vazio.

Como eu sou solitária, sempre busco algo para suprir o vazio no peito. Dessa vez achei algo interessante, um pequeno livrinho com desenhos em preto e branco, cheio de detalhes, um livro em movimento. Fiquei encantada com aquilo.

Foi nesse momento que ela apareceu, viu que eu estava lendo aquele pequeno livrinho.

Logo puxou assunto comigo.

— Que legal, você também gosta de mangás.

— …

— Ah, desculpe. Eu não conheço ninguém que goste disso. Sempre que vejo alguém que goste eu fico super animado.

— …

— … D-desculpe.

Ela saiu correndo, parece que estava com vergonha.

Nunca presenciei isso, ela falou bastante comigo. Eu só fiquei observando.

Isso já era uma surpresa para mim, fiquei mais surpresa ainda quando notei que aquela garota estava usando uniforme masculino.

Eu pensei, ela deve ser igual a mim, uma pessoa repreendida pela sociedade. Talvez eu deva me aproximar dela.

Chegando em casa, contei tudo a Saya. E como sempre, ela não gostou disso. Disse para eu ficar longe dela, disse que se eu me juntar aquele tipinho vou ficar igual. Eu fiquei triste, mas dei razão a ela.

Antes de ir dormir fiquei curiosa com uma coisa, a garota da biblioteca me disse que aquele livrinho era um mangá.

Naquele momento não fazia ideia do que era aquilo, mangá. Fui pesquisar.

No primeiro resultado de busca encontrei um site, estava cheio de mangás. Dava para ler diretamente na tela do computador.

Fui lendo um, dois, três… Quando me dei conta já era de manhã e não tinha dormido nada.

Era tão bom, no momento achei que tinha encontrado algo que suprisse aquele vazio no peito. Mas ainda sim, o receio de algo novo me perturbava, ainda sentia que estava faltando algo.

Sem dormir nada, e sem escolha, fui para escola.

Eu estava abatida, logo, várias pessoas começaram a cochichar. Certeza que era sobre meu estado.

Sem perceber, meio que inconsciente, eu ficava procurando algo em minha volta. No recreio a mesma coisa, eu estava olhando para todos os lados.

Eu estava aflita.

Foi aí que percebi, eu estava procurando aquela garota. Eu, inconscientemente estou procurando aquela garota. O que ela fez comigo?

Já em casa novamente, direto para o computador. Nesse dia eu sabia que não teria escola no dia seguinte, então eu poderia ler mais mangás.

Eu me sentia confusa. Fui descontar minhas frustrações lendo mangás.

Quando entrei no site de mangás vi um pequeno botão escrito “fórum”. Fóruns de internet serve para pessoas compartilhar experiências, pessoas essas que possuem o mesmo estilo, gosto, ou religião.

Não tinha nada a perder…

Pronto, a partir do simples clique, minha vida mudou totalmente.

Depois de 5 horas descobri um monte de coisas, muitas recomendações incríveis dos membros.

O bom é que ninguém tinha medo de mim, eu era normal. Eu me senti especial por ser normal.

Nas conversas descobri várias coisas, descobri que além de mangás existem light novels. São livros de romance bem interessantes. Descobri que os mangás que li viraram animação, fiquei curiosa para ver.

Eu simplesmente fiquei viciada. No momento, notei que minha vida estava arruinada, não podia ficar sem aquilo.

Três semanas já tinham se passado, minha personalidade já estava totalmente diferente, eu fiquei desprezível, preguiçosa, insensível. Em tão pouco tempo.

Na escola, eu apenas ignorava todos, minha expressão perfeita era forçada, o que anteriormente fazia naturalmente. Até esqueci daquela garota que eu inconscientemente estava procurando.

De acordo com as gírias que aprendi navegando na internet, eu sou uma otaku nojenta. Descobri que existe até um site dedicado a otakus nojentos, o OtakuBFX.

Eu entrei em choque, logo notei que tinha que guardar segredo.

Minha vida decaiu, mas não me arrependo de nada, não consigo me imaginar sem meu querido hobby, que a cada dia que passa está ficando melhor, ou será pior?

Não sei o que aconteceu, parece que meu verdadeiro eu despertou. A primeira pessoa que sofreu com isso foi Saya.

Eu estava sendo rude com ela, não dava mais atenção a ela. Teve momentos que a vi chorando. Ela está preocupada comigo.

Eu não estou nem aí, será que minha eu anterior se preocuparia?

Minha vida não tinha mais volta quando conheci os galgames. São games de romance, em que você deve conquistar outras garotas. Também são conhecidos como bishoujo game.

Quando fui jogar, a primeiro momento, não fazia sentido algum jogar aquilo, já que eu sou uma garota também.

Viciei, simples assim.

Me entreguei, me apaixonei por todas as garotas. Principalmente as mais fofinhas, as que são chamadas de loli, de acordo com as gírias que aprendi.

Tão viciada, comprei mais galgames. Já cheguei ao ponto de comprar um portátil e jogar na escola, no banheiro.

Eu tinha um jeito peculiar de carregar meus vícios, consegui uma bolsa que fica escondida na roupa, presa na cintura. Já estava ficando sério isso. Me sentia segura, era impossível alguém descobrir.

Até parece que um esbarro seria suficiente para revelar meu segredo… Bem, foi o que eu pensei… Continuando minha história.

Quando me dei conta, desenvolvi um complexo por garotinhas.

Construí meu próprio altar, que antigamente era meu closet. Está cheio de posters, light novels, mangás, animes, visual novels, galmames, tudo que uma otaku nojenta precisa. Detalhe, todos são com lolis, garotinhas fofinhas.

Meu paraíso…

Em um pequeno surto de prazer vendo meu altar cheio de lindas garotinhas, vi a face da garota da biblioteca em cada uma das lolis. No momento fiquei assustada, eu estava delirando.

Realmente, aquela garota fez algo comigo.

Já na escola, o mesmo hábito de olhar a minha volta surgiu novamente, eu estava procurando ela.

Não a encontrei.

Mas no dia seguinte, por ironia do destino, finalmente a vi depois de um mês. Com direito a muitas revelações.

O mais curioso, mesmo que eu me esforçasse mais um pouco, não encontraria ela durante esse tempo. Descobri o motivo logo quando começou a aula.

A professora pediu para todos ficarem em silêncio e disse:

— Pode entrar.

Foi um clima de mistério. Vi a garota da biblioteca entrando pela porta, e novamente vestida de homem. No mesmo momento todos começam a cochichar, virou um caos. Não fazia ideia do que estava acontecendo. Até sabia o motivo da minha falta de informação, não tinha interação com ninguém. A professora continua:

— Silêncio, por favor. Devido ao ocorrido com Prity Sazaki, a escola mudou suas políticas. De agora em diante todo ato de bullying, de qualquer espécie, será punido com expulsão. Prity Sazaki é sempre confundido como garota, isso gerou algo ruim em torno dele. Espero que esteja recuperado desse transtorno e fico feliz de vê-lo novamente. Pode ir para sua mesa.

Não fazia ideia do que ocorreu, mas parece bem sério.

Ela andou calmamente até minha direção. Eu fiquei nervosa. Sentou ao meu lado.

Era o destino? Eu nunca notei que aquela mesa vazia seria dela. Eu realmente era uma ignorante para o mundo externo, eu virei outra pessoa depois de conhecer ela…

Um súbito choque, ela é ele…

Não consigo acreditar.

Agora tudo faz sentido.

Como aquela linda garota pode ser um homem?

Mas parece que estou aliviada por esse fato, não sei explicar.

A partir daquele dia eu estava decidida a saber mais sobre ela, digo, ele…

Durante a semana descobri que além de otaku nojenta, sou uma stalker.

No recreio, eu seguia ele para todos os lugares, tudo isso sem ele notar minha presença. Descobri até onde ele morava.

Uma coisa eu notei, ele está sempre sozinho. Ele é igual a mim… Bem, nesse aspecto sim, a não ser pelo sexo dele… Aquela linda garotinha, que se parece com uma loli, é, na verdade, um garoto.

Já em casa, jogando um galgame, encontrei uma personagem idêntica a ele. Eu simplesmente me apaixonei, fiz de tudo para conquistá-la. No fim me casei com ela e vivemos felizes para sempre.

Estou decidida, ela… Digo, ele será meu namorado…

 

10 anos mais tarde…

— Nossa, quem diria que uma aposta da mamãe com papai seria o principal fator para nosso namoro.

— Não foi a aposta, você seria meu namorado de qualquer forma.

— Mas espera, porque você estava tão apaixonada por mim?

— Não se apegue a detalhe, é melhor você nem saber.

— É, de fato. Tem coisas que não posso saber sobre você, o importante é que eu te amo. Mas uma coisa eu não posso negar, toda essa confusão gerou essa coisinha linda!

Eu e Midori, minha esposa, estamos admirando nossa querida e recém-chegada, Yamada Sazaki.

— No fim das contas, minha comédia romântica escolar não foi um fracasso.

— Do que você está falando?

— Ah, nada não, estava pensando alto.

Fim

— Eu joguei seus galgames fora, eles me assustam.

— Você fez o quê?!

Agora sim, fim…

Muito obrigado!

Minha Comédia Romântica Escolar é um Fracasso

Caso disponibilizar esta obra por outro meio, dê os devidos créditos ao blog OtakuBFX. Comercialização está proibida. Termos de autoria.


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